O papiloma vírus humano (HPV) é uma doença muito comentada, especialmente no que se trata da vacinação das meninas. Como uma doença sexualmente transmissível, o HPV merece bastante destaque. A Dra. Ediala Kosma, coloproctologista da clínica Primed, explica mais na entrevista a seguir sobre o que é o HPV e como prevenir essa doença.
Como se pode contrair o HPV?
Dra. Ediala: O papiloma vírus humano (HPV) é uma doença sexualmente transmissível e é causada por um vírus. A transmissão se dá pelo contato pele a pele na região íntima. Se a mucosa estiver com alguma lesão, aumenta a chance de transmissão.
O HPV é responsável por 100% dos casos de câncer de colo de útero, 91% dos casos de canal anal, 75% dos casos de câncer de vagina, 72% dos casos de câncer de orofaringe, 69% dos casos de câncer de vulva e 65% dos casos de câncer de pênis.
Qual o perfil de pessoa mais suscetível a essa doença?
Dra. Ediala: O perfil é bem abrangente e por isso essa doença se torna tão perigosa. Ela pode ser contraída por homens ou mulheres sexualmente ativos em qualquer idade.
Quais os principais sintomas?
Dra. Ediala: Se as lesões causadas pelos vírus forem internas como, por exemplo, dentro da vagina ou do reto, o paciente pode não ter sintomas, o que torna ainda mais importante o acompanhamento e realização dos exames. No caso de pessoas que praticam sexo anal, é essencial que realizem o exame caso tenham relação sem o uso de preservativos.
As lesões externas se apresentam como verrugas, que podem ser únicas ou múltiplas, em qualquer área do períneo. Essas lesões costumam coçar, sangrar e podem até descamar.
Se o paciente acometido da doença não buscar tratamento, pode haver um aumento em quantidade e tamanho das verrugas, além do risco de passar para outras regiões da pele.
Como é feito o diagnóstico da doença?
Dra. Ediala: O diagnóstico se divide em duas partes. Primeiro é feito um questionário normal, para identificar se o paciente esteve em situação de risco. Uma vez constatada a possível exposição ao vírus por essas perguntas, é realizado um exame físico, chamado de toque retal. Caso haja dúvidas, pode ser feita uma coleta de fragmentos para análise por meio da retosigmoidoscopia.
O exame de papanicolaou, que deve ser realizado anualmente pelas mulheres a partir do início da vida sexual, também é uma forma de diagnóstico do HPV.
Qual o tratamento indicado para o HPV?
Dra. Ediala: O tratamento se resume à retirada completa das lesões. Essa retirada pode ser feita por meio de ácido aplicado localmente, uso de cautério eletrônico (para queimar as verrugas). O tratamento pode ser ambulatorial (no próprio consultório) ou cirúrgico, dependendo da quantidade e local das lesões.
Como é possível prevenir essa doença?
Dra. Ediala: A prevenção pode ser feita pelo uso de preservativos, tanto na relação anal quanto vaginal, além de evitar ter relações sexuais com pessoas que tenham lesões visíveis no períneo. Outra forma de prevenção muito importante e que muitas pessoas esquecem é a utilização de preservativos em brinquedos sexuais caso seja utilizado por mais de uma pessoa.
Além disso, existe a vacina contra o HPV atualmente. Ela é segura e só tem contra-indicações para pacientes com hipersensibilidade a algum componente da vacina e para gestantes, mas é ideal que seja aplicada antes do início da vida sexual. Na rede pública, a vacina é disponibilizada para meninas de até 13 anos e a partir de 2017 será liberada também para meninos de forma gratuita e a partir de 2017 será liberada também para meninos. Seremos então o primeiro país da América Latina a liberar a vacina para o sexo masculino também na rede pública. A vacina ideal é a quadrivalente, que previne contra 4 tipos de vírus HPV – 16,18,6 e 11 e que é fornecida pelo SUS. Essa vacina também previne, consequentemente, contra câncer da região vaginal, do reto, de boca e de garganta.
Na rede privada a vacina quadrivalente também pode ser adquirida.
Dra. Ediala Kosma Pires de Oliveira Aurichio
Coloproctologista/ Cirurgiã geral
CRM 25808/ PR
Graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
Residência em Coloproctologia pelo Hospital Evangélico de Curitba e Cirurgia Geral pelo Hospital da Cruz Vermelha Brasileira – Filial Paraná.